Vivemos um momento de nossa história em que a palavra ética tem sido constantemente mencionada nos mais variados ambientes, meios sociais e empresarias. Na verdade, falamos muito mais da falta de ética do que da ética propriamente dita. Sua ausência na sociedade tem motivado o desenvolvimento de inúmeras tecnologias, que têm auxiliado investigações, no cruzamento de informações e, principalmente, no levantamento mais ágil de provas.
Um exemplo de uma tecnologia fundamental às investigações na busca de provas são as interceptações telefônicas via aparelhos de telefonia móvel. Essa ferramenta permite não somente a recuperação das gravações das chamadas, mas também o rastreamento da origem física, isto é, da localização dos aparelhos. Claro que a informação gravada deve ser autenticada, mas a tecnologia computacional permite a verificação do usuário do aparelho, por parte da perícia criminal, com o auxílio de softwares de análise de voz. Convém mencionar que a Tecnologia da Informação (TI) é fundamental para a investigação de transações financeiras via internet. Os próprios crimes cibernéticos, que, muitas vezes, acobertam ou fomentam esquemas de corrupção, só podem ser desvendados por especialistas em TI.
Outro artefato tecnológico importante no mundo moderno são as câmeras de vigilância, que monitoram quase tudo e todos. É praticamente impossível não ser filmado por uma delas, o que torna praticamente nula a possibilidade de um criminoso se ocultar de uma cena de crime.
Muitas são as situações em que a tecnologia auxilia no combate ao crime organizado, entretanto o que ainda está longe de ser erradicado, infelizmente, é a “cultura” da corrupção, da falta de ética ou ainda a existência de uma espécie de “ética paralela”. Nessas, a tecnologia ainda não consegue atuar, pelo menos as experiências iniciais não têm mostrado resultados satisfatórios. Lembremos do caso do robô Tay, lançado de forma experimental no ano passado, o qual, após alguns poucos “dias de vida”, foi retirado do ar, devido à má influência dos humanos sobre ele, que o tornou preconceituoso, sexista, homofóbico e até nazista. Existe prova mais cabal da “contaminação” da falta de ética dos seres humanos, se até mesmo sistemas inteligentes sob a influência humana podem tornar-se antiéticos?
Pois é, talvez precisemos fazer o inverso, ou seja, devemos reaprender o que é ética com a tecnologia materializada na forma de máquinas, robôs e sistemas inteligentes, realmente inteligentes, a ponto de nos ensinar aquilo que um dia os ensinamos.
Docente da FATEC Jales
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