Em uma sociedade cada vez mais dependente das tecnologias de informação e comunicação (TIC), as transformações não param de acontecer. O advento do comércio eletrônico (e-commerce), além de trazer preços mais atrativos, mais opções e mais concorrência, causou uma mudança no perfil e no comportamento do consumidor. Segundo pesquisa realizada pela empresa PwC (Global Consumer Insights Survey, 2018), que analisa anualmente o comportamento dos consumidores em todo o mundo, entre 2014 e 2018, o número de pessoas que compram on-line ao menos uma vez por mês saltou de 58% para 65%.
A Ebit, empresa de consultoria e pesquisa em e-commerce, destacou em seu relatório semestral (Webshoppers,38ª edição, 2018) o crescimento de compras realizadas por meio de dispositivos móveis. No primeiro semestre de 2018, foram realizados 17,4 milhões de pedidos por meio de smartphones ou tablets, movimentando cerca de R$ 6,7 bilhões. Isso significa um aumento de 30% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Vale ressaltar que um dispositivo móvel permite fazer compras de qualquer lugar, sendo necessária apenas uma conexão com a internet.
Esse crescimento pode ser caracterizado como uma ameaça ao comércio físico, que luta pela sobrevivência no mercado e busca se adaptar às novas formas de consumo. Assim, considerando a inserção dos consumidores nascidos no final da década de 1990 e início dos anos 2000, jovens que demonstram confiança e intimidade para com as novas tecnologias, é necessário promover mudanças para atrair esse novo público.
Com a discreta melhora no nível de confiança do consumidor em relação à economia brasileira, em 2018 o comércio físico apresentou um crescimento de 6% em relação a 2017, superando proporcionalmente a queda de 9% compreendida entre 2014 a 2017. Mesmo assim, diante de um novo perfil de consumidor que usa tecnologias para encontrar as melhores ofertas, são necessárias estratégias diferenciadas.
O Presidente da Associação Comercial e Industrial de Jales, Leandro Rocca Lima, acredita no crescimento do e-commercenos próximos anos, mas ressalta que em alguns setores ele ainda é complexo, como o setor de vestuário, em que há por parte de muitos consumidores o desejo de experimentar o produto antes de adquiri-lo. Além disso, ele enfatizou a vantagem da aquisição imediata do produto, visto que pela internet o cliente precisa aguardar a entrega e, em caso de troca, terá que esperar ainda mais.
Segundo Lima, as empresas estão se mobilizando para se adaptar ao novo cenário comercial investindo em ambientes climatizados, melhoria no atendimento e preços atrativos, além de utilizar cada vez mais as mídias sociais como ferramentas de divulgação e prospecção de novos clientes. Em relação ao comércio de Jales, daqui a 5 anos, ele afirma que as empresas deverão estar preparadas para a concorrência digital investindo em autoatendimento e estabelecimentos mais acessíveis ao consumidor.
Diante desse novo cenário, o comércio varejista físico possui grandes desafios para os próximos anos, pois precisará adaptar-se a esse perfil de consumidores altamente conectados. A criação de novas estratégias que objetivam a sobrevivência e, principalmente, o crescimento da empresa, deverá ir além do oferecimento de novos produtos e serviços. Deve passar obrigatoriamente pelas mídias sociais, aplicativos e outros canais de comunicação, direcionados ao constante monitoramento de perfil e comportamento on-line. Por sua vez, o e-commercenão deve parar de crescer, visto que as novas gerações nascem e crescem conectadas ao mundo digital. Já pensou em fazer um “puxadinho” na internet e vender seus produtos on-line? Pense!
Léia Brito da Silva
Tecnóloga em Agronegócio e Agente Técnico e Administrativo da Coordenação de Cursos da Fatec Jales.