O metaverso é uma tecnologia impactante, disruptiva e polêmica, que divide entusiastas e críticos. Muitos dizem que temos uma ou talvez duas décadas até que esse admirável mundo digital seja viável e, principalmente, acessível. Enquanto ele ainda é considerado essencialmente especulação, surge o termo phygital, junção das palavras “physical” (físico) e “digital”, usado para se referir à forte integração entre os mundos físico e digital nas mais diversas áreas, principalmente no varejo.
Nesse contexto, ser phygital significa integrar todos os canais de vendas e comunicação para proporcionar uma melhor experiência ao consumidor. Imagine que você quer, por exemplo, comprar uma roupa e a sua loja favorita possui um aplicativo de navegação pelas opções disponíveis. Esse aplicativo pode, por exemplo, pedir para que você cadastre seu peso, altura, além de outras preferências. A partir daí, ele pode recomendar as melhores opções e possibilitar que um vendedor separe as peças de que você mais gostou, para que você experimente quando for até a loja. Nesse cenário, o vendedor atua como um consultor, analisando suas preferências e sugerindo alternativas.
Convém destacar que mesmo estando na loja física, o consumidor pode comprar no aplicativo e retirar o pacote no próprio estabelecimento ou decidir recebê-lo em casa. Sem filas, respeitando o espaço do cliente e oferecendo uma experiência mais customizada.
Um outro exemplo de aplicação phygital é a utilização do QRCode em etiquetas de produtos. Usando um aplicativo específico, é possível apontar sua câmera para um item para obter informações detalhadas, além de recomendações de produtos relacionados, inclusive sua posição em um determinado setor ou prateleira.
Outras aplicações que exigem mais investimentos devem popularizar-se em breve. Uma delas é o provador virtual, que usa realidade aumentada e realidade virtual para que os clientes provem roupas e acessórios em casa, por meio de aplicativos, ou na loja física, por meio de equipamentos específicos. Um outro exemplo é a Amazon Go, loja física que aplica o conceito de “just walk out” (tradução livre para “apenas saia”). Nesse cenário, o cliente entra na loja, separa o que deseja e simplesmente sai, pois não existe caixa. Uma série de tecnologias que integram câmeras, sensores e softwares de inteligência artificial se encarregam de reconhecer o consumidor e fazer a cobrança em seu cartão de crédito ou conta digital.
Apesar dos exemplos destacados estarem fortemente apoiados em uma série de tecnologias que exigem grande investimento, é possível que o pequeno empreendedor seja phygital, usando tecnologias mais acessíveis, como os aplicativos WhatsApp, Instagram e outros. Nesse sentido, destaco o aplicativo Vestme, direcionado a lojas de roupas e acessórios, que proporciona ao lojista um canal digital para atrair o cliente ao seu estabelecimento e oferece ao usuário um eficiente serviço de delivery de moda. O referido aplicativo é criado e mantido pela equipe da Sistemas Br, empresa jalesense de desenvolvimento de software, e hoje constitui uma startup à parte com destaque regional.
A phygitalização é um fenômeno que está transformando o comportamento do consumidor. Por meio dela, as lojas físicas devem passar por mudanças, não apenas em termos físicos, mas, principalmente, em relação a processos e modelos de negócio. Os profissionais envolvidos também deverão se adaptar, pois, no atual contexto de pós-pandemia, unir a experiência humanizada do mundo físico à comodidade do mundo digital é indispensável.
Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
www.jlgregorio.com.br