Os filmes que retratam catástrofes globais geralmente associam o iminente Armagedon a fenômenos naturais extremos, como a queda de asteroides na Terra, grandes terremotos e erupções vulcânicas gigantescas, que apontam a natureza como a “culpada” pelo nosso cruel destino.
Tais suposições têm, provavelmente, um embasamento pautado no último cataclisma global conhecido, datado do final do período cretáceo, que gerou, entre outras mudanças, a extinção dos dinossauros e a consequente supremacia dos mamíferos no planeta.
Segundo os cientistas, uma extinção em massa ocorre quando um grande percentual de espécies, em torno de 70 a 90%, deixa de existir em um espaço de tempo relativamente curto, o chamado tempo geológico, inferior a 2,8 milhões de anos. E isso já ocorreu seis vezes no nosso planeta, sendo a primeira há 440 milhões de anos e a última, no final do Cretáceo, há 65 milhões de anos.
O espaço de tempo entre esses períodos de extinção em massa varia de 90 a 120 milhões de anos, o que, estatisticamente, nos colocaria em uma posição relativamente confortável, uma vez que teríamos pelo menos uns 25 milhões de anos pela frente, correto?
Errado! Segundo a comunidade científica, é quase consenso que estamos em meio a outro período de extinção em massa, batizado de “Antropoceno” (do grego “anthropos”, o prefixo “antropo” significa “ser humano”). Isso mesmo, tudo indica que, desta vez, a eventual extinção em massa pode estar sendo causada por nós, seres humanos!
Desde que nos firmamos como seres dominantes na Terra, e isso já faz um bom tempo (geologicamente, nem tanto, algo como “um minuto!”), temos provocado uma série de transformações no planeta, muitas das quais têm causado grandes prejuízos.
Tudo começou com a agricultura, ação humana que promoveu o desmatamento de áreas florestais e de outros biomas, uso abusivo de água (em alguns casos, com desvios de rios, represamento, alagamentos, poluição, etc.), geração de grandes volumes de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos), aumento da existência de certas espécies (bovinos, caprinos, suínos, etc.), com consequente extinção de outras (seres silvestres, especialmente predadores), e, mais recentemente, uso desenfreado de pesticidas, herbicidas e outros agentes poluentes.
Após, houve sucessivas revoluções industriais que, além de gerarem uma quantidade enorme de poluentes (principalmente dióxido de carbono – CO2, monóxido de carbono – CO e muitos outros), produziram gigantescas quantidades de resíduos (químicos, plásticos, radioativos, lixos de todo tipo, etc.).
Como consequência desse uso irracional dos recursos naturais nos últimos 200 anos (nem “um segundo” no tempo geológico), estamos acelerando algo que naturalmente levaria milhões de anos para acontecer.
Os maiores prejudicados? Precisamos responder? Ainda dá tempo de uma reversão? Pense, reflita e responda você mesmo.
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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