Desde o final do ano passado, muitos artigos, reportagens e discussões têm surgido em torno dos avanços da inteligência artificial (IA) e suas consequências, entre elas, a substituição de uma série de ocupações desempenhadas pelos seres humanos.
Mas nem tudo está perdido. Ainda há luz no fim do túnel! Isso porque existem várias profissões que demorarão mais a serem substituídas, outras talvez nem sejam. Vejamos alguns casos.
A medicina, por exemplo, é uma área que, apesar de estar imersa no uso de tecnologias, como os robôs utilizados em cirurgias, a nanotecnologia na produção de materiais, as aplicadas à genética, ao imageamento médico e ao desenvolvimento de fármacos, entre outras, a habilidade e a capacidade do profissional médico muito provavelmente jamais serão substituídas. E não é “só” o “talento”, devemos considerar também o apreço humano pela vida. Há a sensibilidade no que se refere ao “valor” do ser humano, afinal, salvar vidas é muito mais do que simplesmente aplicar um algoritmo, significa doação, empatia e senso de humanidade, e tais atributos, por enquanto, são exclusivos dos seres humanos.
Nessa linha, muitas profissões da área da saúde acompanham esse raciocínio, como enfermagem, fisioterapia, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, educação física, entre outras. Especificamente, a psicologia é, certamente, uma das profissões mais distantes de serem substituídas pela IA, uma vez que lida com a mente humana, com os sentimentos, desejos, angústias, ansiedades e tantos outros aspectos singulares que, dificilmente, seriam tratados por um algoritmo.
Profissionais que trabalham em contextos sociais, como assistente social, cuidadores de idosos, pedagogos e até mesmo professores, também apresentam uma baixa probabilidade de serem substituídos pela IA em curto prazo, já que também envolvem certas interações sociais que os algoritmos teriam dificuldade de desenvolver. Mesmo na licenciatura, em que uma base sólida de conhecimentos, aliada a um arcabouço de técnicas e estratégias didático-pedagógicas para o bom desempenho profissional, é fundamental, a IA poderia atingir bons graus de sucesso, mas ainda faltaria o afeto humano, completamente alheio aos algoritmos.
Também as profissões ligadas às artes de um modo geral, à gastronomia, artesanato, literatura, restauração, sacerdócio, esportes, ou seja, todas diretamente relacionadas aos atributos puramente humanos se encaixam nesse perfil de resistirem ao assédio da IA.
Dessa forma, podemos afirmar que as profissões que tenham maior dependência de fatores da essência humana (relações, sentimentos, sentidos, vida e psique) nos manterão ainda ativos, úteis e ocupados em um universo cada vez mais tecnológico.
Quanto a outras ocupações, muitas deverão passar por profundas adaptações ou mesmo novos direcionamentos que as transformarão eventualmente em novas profissões e, nesse contexto, quem enxergar primeiro manter-se-á ocupado por mais tempo, pelo menos até as próximas revoluções.
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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