Aos 6 meses de vida, iniciamos nossas primeiras papinhas; aos 18 anos, estamos autorizados a conduzir veículos; aos 30, espera-se que há muito já estivéssemos fora da casa de nossos pais; e aos 60, que estejamos assíduos em algum clube de crochê. Há de ser realmente assim? A essa rigidez temporal cultivada estruturalmente na sociedade chamamos “etarismo”. Mas a história tem exemplos marcantes de personagens que foram revolucionários em sua época e não responderam às expectativas sociais.
Cabe mencionar, de início, um exemplo prático de empreendedorismo de uma das franquias de fast-food mais famosas do mundo: a KFC. A sigla, resultado de “Kentucky Fried Chicken”, é uma rede de restaurantes criada por Harland David Sanders. Nascido em 1890, em Henryville, nos EUA, perdeu o seu pai ainda quando era criança e desde muito novinho precisou assumir muitos compromissos, como cuidar dos irmãos para que a mãe pudesse trabalhar e entrar no mercado de trabalho ainda na adolescência. Após passar por diversos tipos de trabalhos dentre ferroviário, advogado, operador de posto de gasolina... só se encontrou aos 40 anos, mas até os 65, passou por diversas crises e desafios.
Ademais, um dos períodos vivenciados em sua época, não esperado pela população, foi a temível “Grande Depressão”, consequência da Crise de 1929 afetada pelo mundo todo de forma econômica. Entretanto, apesar dos acontecimentos improváveis, sempre manteve a persistência e a resiliência diante do cenário em que lhe era presentado. Assim, com confiança e não ter a idade como um empecilho, fez com que aos 65 anos o seu negócio começasse a decolar.
Assim, Sanders é um exemplo de vitória contra o etarismo, venceu as diversas facetas do preconceito, rejeição e não credibilidade devido a sua idade. Ou seja, não há uma idade limite para parar de sonhar e correr atrás deles para conquistar.
Ainda que cause um estranhamento da sociedade e um certo desconforto pelos vitimizados por conta da idade, isso não deve ser motivo de desistência. Aliás, o número de pessoas com uma faixa etária maior que a média hoje no Brasil, de 21 anos, tem aumentado gradativamente ano após ano.
Em uma notícia publicada pela revista Piauí (2023), por meio de dados, trouxe que o número de idosos em cursos de graduação cresceu 56% nos últimos 10 anos. Isso, consequentemente, gera uma relação intergeracional entre os universitários, que pode impactar em efeitos benéficos para ambos os lados que estiverem dispostos.
Agora, em resumo: um país feito o nosso, que luta de sol a sol, de gente que teima em ser resiliente porque nem sempre tem alternativas, não combina em marcar o etarismo como algo positivo, tampouco os discursos que já foram estruturados em nós e que precisam ser desconstruídos. Chega de “pela sua idade, você está muito bem”; “Você ter sido linda(o) na juventude!”; “Tem um coração tão jovem”! Basta, porque cada história é única e o livre arbítrio é bem particular: cada um no seu quadrado sem cuidar do quadrado do outro!
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.