As cenas assustadoras que infelizmente temos visto nas mídias televisivas nos últimos dias, referentes à tragédia gerada pelas enchentes no estado do Rio Grande do Sul, colocam-nos frente a frente com um problema ainda maior, há tempos anunciado, por muitos ignorado, mas que, segundo os especialistas, tende a aumentar ano a ano em todo o planeta. Estamos falando do aquecimento global, fenômeno anunciado pela comunidade científica mundial, relacionado, como o próprio nome sugere, ao aumento progressivo da temperatura ambiente devido ao efeito estufa.
Apesar de amplamente conhecido, vale salientar que o efeito estufa é causado principalmente pela emissão de gases tóxicos como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), entre outros. O CO2 é gerado principalmente pela queima de combustíveis fósseis como gasolina, querosene, óleo diesel, gás natural, carvão natural e o metano, por alguns processos naturais como o vulcanismo e pela própria queima de combustíveis das indústrias químicas e das atividades agropecuárias, principalmente a bovinocultura e suinocultura.
Entre os fatores que colaboraram para o aumento das emissões desses gases na atmosfera estão o surgimento da sociedade industrial a partir do final do século XIX, o aumento populacional mais notório durante o século XX e as consequências provocadas pela combinação desses dois fatores, que poderíamos generalizar como “o surgimento da sociedade de consumo”.
Dissertar sobre o surgimento da sociedade de consumo resume bem o status atual de saturação do planeta quanto ao uso dos recursos naturais e seus impactos no aquecimento global, algo até simples de entender. A elevação do consumo impulsionou a indústria a produzir cada vez mais. Gerou também a necessidade de aumento da produção agropecuária, que, combinada com as atividades de exploração mineral, provocou, além de desmatamento e do esgotamento dos recursos naturais, a emissão exponencial de gases do efeito estufa na atmosfera.
A equação “mais consumo” é igual a “mais produção”, que, por sua vez, é igual a “mais poluição” resulta em “mais aquecimento global” e, infelizmente, em “mais desastres naturais”. A matemática não falha, apenas modela o ciclo de autodestruição que insistimos em não aceitar.
Mas a matemática também traz a solução. Se reduzirmos o primeiro fator da equação, “consumo”, os demais devem ser reduzidos como consequência, de modo que ainda seria possível, pelo menos, frear o aquecimento global, o que nos daria uma chance de virar esse jogo. Mas, infelizmente, essa atitude é muito difícil de ser concretizada, até porque vivemos em uma sociedade que prega exatamente o contrário.
Uma outra saída se chama “tecnologia”! Mas esse é assunto para uma outra reflexão.
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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