Pela primeira vez na história da humanidade, desde que o chamado QI, quociente de inteligência, é utilizado para mensurar a inteligência de uma pessoa, os filhos têm um QI inferior ao dos pais, fato apontado por diversas pesquisas sérias realizadas em grandes universidades do mundo.
São diversos os fatores que influenciam esse processo, como os relacionados aos sistemas de saúde, à nutrição, à educação, entre outros, conforme aponta o neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França e um dos grandes especialistas sobre o assunto. Mas, muito provavelmente, o uso massivo e descontrolado das tecnologias digitais é o vilão dessa história.
O autor do best seller “A fábrica de cretinos digitais: os perigos das telas para nossas crianças”, editora Vestígio, aponta como principal fator dessa redução de QI nas gerações atuais o uso excessivo de dispositivos e ambientes digitais, como os smartphones, os jogos digitais e a internet, principalmente as redes sociais, fatores que interferem no desenvolvimento do cérebro humano, na inteligência dessas gerações.
Em uma entrevista à BBC News em 2020, Desmurget desmistifica uma série de falácias sobre alguns apontamentos que vão de encontro à tese descrita em seu livro, como de que jogos digitais agem como “estimuladores” do aprendizado para as crianças ou que o uso da internet amplifica os “horizontes do aprendizado”.
De fato, hipoteticamente tais afirmações até têm sentido analisando-se questões sensoriais e as que envolvem coordenação motora, porém, o uso em excesso, além de causar uma dependência à tecnologia, prejudica outros aspectos importantes ao desenvolvimento humano, como as atividades físicas, o exercício da leitura e da escrita, fundamentais para o desenvolvimento cerebral.
No que se refere à internet, as potencialidades para o ensino-aprendizado são realmente imensas se utilizada da forma correta, porém, o que se observa é o uso massivo em atividades voltadas ao “entretenimento”, este relacionado às futilidades das redes sociais.
Não podemos, é claro, apontar a tecnologia como a única culpada por essa “inteligência em decadência”, mas não podemos negar que a sua influência é evidente. Nossos jovens e crianças leem cada vez menos, escrevem muito pouco e, na maioria das vezes, com linguagens inadequadas, assistem a, quase que exclusivamente, vídeos de um minuto (ou menos), com conteúdos duvidosos (exposição ao sexo, violência etc.) e trocam os jogos e atividades esportivas “reais” por videogame (e-games).
O cenário não se mostra muito promissor e o pior é que os principais responsáveis por tudo isso somos nós, “adultos” das gerações anteriores ao mundo digital, que infelizmente nos rendemos à tecnologia.
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo - Fatec Jales
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