Discursos circulam que o tempo está passando rápido demais, talvez seja pelos inúmeros compromissos aos quais estamos submetidos, todos cronometrados, agendados... Enfim, essa aceleração tem impactado em nós, humanos, porque estamos, diretamente, numa espécie de competição com a máquina ou guiados por ela. Acelerar, segundo o dicionário Oxford Languages (2025), significa “encurtar o tempo de; abreviar, antecipar, apressar”.
Pois bem, estamos tão impactados que já colocamos, inclusive, nosso celular na velocidade 2 para ouvirmos os áudios (até os familiares) na busca da otimização do tempo (digamos assim – kkk). Até que ponto tudo isso tem sido produtivo e positivo em nós cabe uma reflexão.
O ser humano é um ser social e, consequentemente, recebe todos os estímulos produzidos pela sociedade, tanto os bons como os não tão bons assim. Desse modo, ouvir o áudio do outro no modo “natural” (principalmente se esse outro ainda falar vagarosamente) parece dar em nós um “siricutico”, como se estivéssemos perdendo tempo, já que temos ferramentas para acelerar. E isso vale para os pdcasts, para os vídeos, para as videoaulas...Queremos ganhar tempo porque já há outra atividade nos aguardando.
Bem, na verdade, nossa mente parece estar sendo treinada para esse aceleramento e vamos nos moldando; caso não acompanhemos, seremos punidos pelo sistema ou até mesmo deletados. Nossa reflexão não é sobre a necessidade de agenda para listar nossos compromissos, mas como temos lidado com a tecnologia para nos auxiliar a cumpri-los. Dizem que as mulheres abrem muitas “janelas” simultaneamente e conseguem cuidar de todas elas no mundo real; no virtual, nesse caso, elas seriam triplicadas? (bem, vamos deixar para outro momento). Voltemos!
Pesquisas na área da saúde cognitiva tecem alertas sobre a sobrecarga virtual a que estamos expondo nosso cérebro: está em nossas mãos acelerar ou desacelerar; sermos cada vez mais moldados ou viver uma vida real... Na verdade, nosso cérebro parece nos lembrar sagradamente que “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come” (que triste!).
Paralelo a toda essa problemática, há um número crescente também de ações voltadas à relocalização da vida: deixar a máquina um pouquinho de lado e optar por trivialidades que não são tão mais triviais assim; desconectar, optando por atividades de lazer que não sejam tecnológicas; colocar na agenda atividades para a mente e corpo em espaços mais livres de toda a poluição visual e sonora (se possível!)...
Sabe, precisamos (re)encontrar nosso equilíbrio e (re)delimitar fronteiras para nós mesmos. Como já dizia Carlos D. de Andrade, no poema “O homem; As Viagens”, carecemos de buscar “a dificílima dangerosíssima viagem; De si a si mesmo...”.
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.