A globalização e as novas tecnologias trouxeram-nos um universo infinito de possibilidades de consumo. Hoje temos acesso a produtos e serviços que jamais imaginaríamos. Porém, como nem tudo são flores, a grande oferta de produtos e a facilidade em adquiri-los agravaram um problema que há décadas o homem tenta resolver: a questão do lixo. Com o aumento no consumo, intensificou também a quantidade de lixo gerado e descartado na natureza, o que traz sérios danos ambientais, que vão desde a emissão de gases nocivos, alagamentos e inundações até a contaminação do solo e da água.
Com o objetivo de amenizar esse problema, criou-se em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A lei, entre outras normas, busca instituir a responsabilidade compartilhada sobre o descarte de resíduos, gerando um pacto entre governo, empresas e consumidores com o intuito de coletar produtos para serem reciclados ao final de sua vida útil ou simplesmente fazer o descarte correto desses materiais, sem trazer danos à natureza. Em tese, as empresas devem informar qual o ciclo de vida de seus produtos, instalar pontos de coleta de resíduos, recolhê-los e destiná-los à reciclagem ou a seu descarte correto, fazendo assim a chamada “logística reversa”.
No entanto, nota-se que essa é mais uma das muitas leis que ainda não “vingaram” no Brasil. A logística reversa tem sido utilizada apenas para conserto de aparelhos com defeito, não sendo observada em nosso dia a dia a preocupação das empresas com o descarte final de seus produtos. Poucas oferecem o serviço de coleta nos pós-consumo. Em algumas cidades, até existe a coleta seletiva, mas isso se deve mais ao fato de as prefeituras necessitarem tratar seu lixo devido à proibição de uso dos antigos lixões.
Deveria haver rigor maior na aplicação dessa lei, estabelecimento de metas e prazos para as empresas se adequarem e oferecerem esse serviço. Elas devem se responsabilizar por seus produtos durante todo o seu ciclo de vida. Também deveria ser feito um trabalho de conscientização das pessoas a respeito dos prejuízos e consequências do descarte incorreto dos produtos e também de informação à população sobre os poucos locais de coleta, quando eles existem.
O que a grande maioria das empresas ainda não percebeu é que elas só têm a ganhar com a aplicação da lei. Elas ganham ao evitar poluir o ambiente do qual fazem parte, ao diminuir a extração dos recursos naturais cada vez mais escassos e, ainda, ao proporcionar uma imagem de organização que se preocupa com a responsabilidade social e ambiental, conceito cada dia mais valorizado pelas pessoas em todo o mundo.
Fabiana Cristina da Silva Tonizioli
Aluna do curso de Gestão Empresarial da FATEC Jales
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.