No dia 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Desde então, as medidas de distanciamento e isolamento social adotadas por diversos estados com o objetivo de reduzir a transmissão da doença, preservar vidas e impedir que o sistema de saúde entre em colapso causaram diversos impactos econômicos, sociais e culturais. Após quase 2 meses do primeiro caso confirmado, a grande pergunta é: como será o mundo após essa crise? Para os mandatários das principais organizações mundiais, o futuro está bem claro quando o assunto é teletrabalho e educação a distância (EaD).
Empresários e especialistas da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) afirmam que o teletrabalho será o novo “normal” para muitas atividades profissionais, o que deverá causar uma grande mudança cultural e econômica em todo o mundo. Jared Spataro, vice-presidente corporativo da Microsoft, ressalta que as pessoas estão descobrindo que é possível aproveitar melhor o tempo e aprender mais quando não precisam se deslocar vários minutos ou até horas para chegar ao trabalho.
Segundo Matthew Prince, CEO da Cloudflare, estamos vivendo o maior experimento de teletrabalho da história. Prince destaca que é possível notar mudanças de comportamento nos usuários da internet, visto que as pessoas estão acessando mais conteúdos educacionais para os seus filhos e encontrando maneiras não convencionais de se conectar com seus colegas de trabalho e família. Ademais, muitos empresários estão flexibilizando diversas políticas das organizações, com o objetivo de preservar a saúde dos seus colaboradores ao mesmo tempo em que reduzem custos e aumentam a produtividade.
Para Eva Chen, CEO da Trend Micro, a atual crise encorajou diversas organizações a corrigirem processos antiquados e adotar novos padrões. Segundo Chen, é certo que as organizações irão reconsiderar a necessidade de ter escritórios e prédios luxuosos nos grandes centros, visto que é possível manter colaboradores em espaços menores, como pequenos escritórios de coworking, ou até mesmo em casa. A executiva taiwanesa vai além e diz que enxerga, no futuro, as organizações totalmente digitais, com espaços físicos extremamente reduzidos.
No contexto da educação, Simon Allen, CEO da McGraw-Hill, afirma que as mudanças que estão acontecendo em muitas instituições nesses últimos 2 meses não têm volta. Para Hill, embora os professores sejam essenciais no processo educacional, será preciso adotar tecnologias que permitam flexibilidade, agilidade e eficácia na entrega de conteúdo, avaliações e classificação. Nesse sentido, acredito que a adoção dos Sistemas Tutores Inteligentes (STI) seja adiantada, pois pode ajudar o professor a trazer mais dinamismo às suas aulas, ao mesmo tempo em que provê acompanhamento personalizado a cada um dos usuários da plataforma. Ademais, espera-se que haja um aumento da adoção do aprendizado misto, ou seja, estudo em salas de aula físicas e virtuais.
Apesar de vermos um grande aumento de tecnologias de EaD, nada substitui a experiência da sala de aula, segundo Adam Enbar, CEO da Flatiron School. Nesse sentido, o papel da tecnologia é criar experiências e meios para impulsionar o processo de ensino-aprendizagem. Para Enbar, quando voltarmos à sala de aula física, testemunharemos uma explosão de novas tecnologias criadas para trazer novas experiências educacionais e de trabalho, além de uma mudança cultural em termos de ensino a distância.
De fato, muitas mudanças feitas “a toque de caixa” deverão ser permanentes no mundo pós-crise. Considerando que o teletrabalho e a EaD serão os novos “normais”, precisamos estar preparados técnica, emocional e culturalmente, pois isso pode significar nossa sobrevivência profissional.
Prof. Me. Jorge Luís Gregório - www.jlgregorio.com.br
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.