Não foram poucas as vezes que nos divertimos com os memes publicados nas redes sociais de pessoas que nem conhecemos. Rimos muito... Sem dúvida, a realidade, absolutamente, mudou nossa rotina - e quem garante que também já não viralizamos por aí, sem saber? Afinal, estamos no mesmo barco, ou melhor, na mesma rede, não é? Em distanciamento social, sim, mas bem próximos uns dos outros, sem paradoxo, o que pode ter nos levado a "deslizes".
A palavra “meme”, de raiz grega, significa mimesis, ou seja, imitação. Segundo a Nova Escola (2015), teve origem na biologia com Richard Dawkins, sem pretensões para a criação de um gênero textual. O meme, no contexto biológico, é o equivalente cultural do gene, a unidade básica de transmissão cultural, que se dá por meio da imitação. Com a internet, o termo ganha uma nova funcionalidade: gênero textual digital viral com caráter humorístico em diferentes formatos (imagem, vídeo ou áudio), adaptado ao contexto.
Humorístico... Pois bem, rimos e nos “divertimos” ouvindo e vendo tantas situações, inclusive até constrangedoras, que foram divulgadas sincronicamente, sem que os personagens “digitais”, ou melhor, “as vítimas”, pudessem notar; aliás, foram avisadas em massa, muitas vezes.
Sim, tudo isso tem acontecido: as salas de aula, o escritório, todos vieram para dentro de nossas casas e nós, quem sabe, pelo mundo afora! Os profissionais da educação, das empresas, das artes produziram seus artefatos, muitas vezes de modo bem amador para um enorme público de espectadores: alunos, clientes, fãs...
Não se pode negar que, em muitas situações, faltou alfabetização digital, em outras vezes, equilíbrio emocional – câmeras e áudios abertos, pronto, viralizou! Não fomos a reality shows para estarmos acostumados com as câmeras, por mais que fôssemos avisados em muitas lojas pelo “você está sendo filmado” (muito deselegantes, por sinal). Ficamos tão conectados que um dos memes para esse momento de isolamento social foi o das reuniões online: “evite abrir a torneira, vai que sai um link de lá” – e muitas vezes, não é que abríamos e o link realmente saía!
As videoconferências nunca tiveram tantos aromas, tantos paladares e tanta poluição sonora; eram reuniões virtuais sensoriais, haja vista que cruzavam com os horários dos preparos e das refeições, dos banhos (vejam aí o perigo), das broncas familiares, das cobranças (estas nem sempre foram virtuais), da leitura da luz, da água, da impulsividade dos cachorros com a visita do carteiro.
Viramos memes sem nos darmos conta... E riram de nós, sabe-se lá por onde andamos virtualmente; ficamos famosos. Então, assim como há textos que circulam antes mesmo do contexto da internet e não sabemos a autoria, e assim está sendo conosco: ninguém escapou e tudo isso ficará em nossa memória, como um tempo desafiador, mas de grande aprendizado, principalmente de que as câmeras, literalmente, possuem olhos, ouvidos e uma boca bem grande!
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.