Um dos assuntos que normalmente causam muita polêmica em qualquer roda de discussão são as chamadas fake news ou notícias falsas, que, de uma forma mais popular, poderíamos classificar como “boatos”.
Essa temática não é nova, afinal, notícias falsas ou boatos sempre existiram desde os primórdios da humanidade. Elas, porém, acentuaram-se grandemente nos últimos anos com a popularização das redes sociais, que promoveram um amplo e praticamente irrestrito uso para muitas finalidades.
Como os principais meios de comunicação, informação e entretenimento migraram para as redes sociais e para todas as tecnologias embarcadas de aplicativos e programas que as integram, os efeitos e a dimensão que tais boatos podem atingir são globais, com consequências potencialmente catastróficas.
Para complicar ainda mais esse cenário de caos nos meios de informação, nos últimos anos, com o advento da inteligência artificial generativa, outras condições de artificialidade nas informações foram agregadas aos sistemas de informação, como as imagens e vídeos criados artificialmente (paisagens, pessoas, etc.), som artificial (músicas, vozes e demais efeitos sonoros) e dados fakes. Isso mesmo, bases de dados artificiais criadas pelos próprios algoritmos de inteligência artificial (IA) com o objetivo primário de serem utilizados para o treinamento dos próprios algoritmos!
Tais algoritmos, assim como nós humanos, precisam desenvolver o aprendizado utilizando como principal forma “de estudo” o treinamento. Fazendo uma analogia, para nós humanos aprendermos algum assunto, como matemática, inicialmente estudamos com o apoio de instrutores, normalmente professores, que nos mostram uma base teórica, exemplos, exercícios e aplicações, para que possamos entender ou contextualizar o significado daquele estudo. Os professores geralmente utilizam bases de dados de informações como livros, apostilas, sites da internet, entre outras fontes de informação (jornais, revistas, TV, rádio, etc.), e, como a história nos tem mostrado, a criação do conhecimento é um processo contínuo e ininterrupto ao longo dos séculos.
Um algoritmo de AI age de forma muito parecida, consultando, porém, quase que exclusivamente, as bases de dados que estão na internet. O problema é que as bases são limitadas e, para que sejam contínuas e aperfeiçoadas, também de forma ininterrupta, os próprios algoritmos estão criando suas bases artificiais para não estagnarem em sua evolução.
Ora, a consequência mais imediata disso é que um mundo fake está em criação, pois como distinguir o que é real (imagem, vídeo, som, textos, informação, dados) do que foi criado artificialmente?
E, pelo menos na internet, essas “realidades” se misturam de tal forma que já estão se tornando indistinguíveis, ou seja, você, caro leitor, deve estar interagindo com o mundo fake há muito tempo sem perceber!
Cabe a pergunta: o que mais deve se tornar fake?
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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