Quando ainda estava nos bancos universitários as quais tive o privilégio de estudar, passei por algumas “fases” da construção do conhecimento acadêmico, como qualquer aprendiz, de qualquer área, provavelmente passa por: acesso à informação, acesso aos acervos de dados, compilação de informações, associação de informações, elaboração do conhecimento, evolução do conhecimento, rompimento de barreiras e limites, criação e inovação.
O aprendizado é uma obra em contante construção, mas, diferentemente de uma edificação física, o resultado final depende de uma série de parâmetros distintos para cada pessoa. Isso significa que cada um aprende de uma forma, com intensidades e velocidades variadas, conhecidas como “curva de aprendizagem”, também diferente e, dessa forma, no final do processo, diferentes resultados poderão surgir.
Na matemática, um dos pilares mais sólidos que sustentam a universalidade da ciência é a demonstração de resultados, que muitas vezes pode significar um desafio gigantesco capaz de percorrer séculos, ou uma aparentemente simples demonstração algébrica. Nos casos de alta complexidade, os desafios põem à prova a natureza da inteligência humana. Em alguns casos, tais desafios transcendem o status quo gerando novos conhecimentos, novas áreas da matemática e da ciência em geral, enfim, ruptura de barreiras científicas, tecnológicas, sociais e existenciais.
Exemplos recentes incluem a teoria da evolução, psicanálise, computadores, bomba atômica, exploração espacial, telecomunicações, indústria farmacêutica, avanços na medicina, agricultura e, mais recentemente, Inteligência Artificial (IA).
No caso específico desta última, diversas propostas mais recentes de aplicações e desenvolvimento, estão convergindo para o uso da matemática como ferramenta fundamental para erradicação das chamadas alucinações das IA’s (erros grosseiros, invenções infundadas, respostas falsas) visando cada vez mais o aperfeiçoamento dessas tecnologias. Nesse contexto, uma importante startup do setor busca criar uma IA que supere todos os matemáticos humanos na resolução de problemas.
Como matemático de formação sei que se tal desafio for transposto, nada mais poderá estar imune de superação desses algoritmos, nenhuma área do conhecimento humano, nenhuma ciência, nenhuma barreira existente ou teórica será capaz de impedir a supremacia da IA, nem mesmo a barreira da criatividade/inovação! Os limites são imprevisíveis, até mesmo pelas próprias IA’s.
Diante desse cenário de avanços exponenciais na inteligência artificial, surge uma pergunta fundamental: o que significa “ser humano” em uma era onde a tecnologia pode superar nossas capacidades cognitivas?
A resposta pode residir na própria essência da criatividade e inovação humanas, que sempre encontraram maneiras de transcender os limites. Talvez, ao invés de temer a supremacia da IA, devemos buscar colaborar com ela, potencializando nossas habilidades e criando um futuro onde a inteligência humana e artificial se complementem, abrindo portas para novas fronteiras do conhecimento e da evolução.
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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