Nossa mente é uma caixinha de surpresa das boas. Ela filtra sem darmos, conscientemente, esse comando; recupera algo que ficou guardadinho, bem lá no fundo; até acusa quando damos umas “embaralhadas”, mesmo que pequenas: são as ordenanças ou desordenanças mentais, que são, muitas delas, fruto do estilo de vida que levamos. Injetamos, rotineiramente, uma carga de informações de modo exaustivo em nossa mente por meio da tecnologia: senhas, logins, vídeos, podcast. Isso é tão comum e tão sério que evidencia como estamos...
Estamos rodeados de muita informação, como nunca visto, mas, nem por isso, podemos ser considerados mais inteligentes que gerações passadas, porque nem sempre tudo o que vemos e lemos é transformado em aprendizagem: nosso cérebro, com maestria, vai filtrando e armazenando aquilo que acha ser importante (talvez fique algo para trás, mas, enfim, coitadinho dele também!). Estudos até indicam que o aprendizado se consolida com a mão na massa; longas leituras ou exposições pouco ativas têm baixa eficácia no quesito aprendizagem.
Das muitas consequências disso, há a “desordem com pertinência”. Segundo Emília Ferreiro (2001), psicóloga argentina e grande estudiosa da aquisição da escrita, isso é comum em crianças no período de alfabetização, quando passam a transitar pelas diferentes fases da leitura; em nós, adultos, já alfabetizados, ela pode se manifestar de outra forma: às vezes escrevemos ou digitamos (é mais comum no uso do teclado) uma palavra ou até mesmo uma frase e pensamos ter utilizado todas as letras adequadamente, todavia, não o fizemos de modo correto e não conseguimos detectar o problema.
Na digitação, o computador acusa nossa “escorregadinha” na língua e, rapidamente, clicamos sobre a palavra marcada (sublinhada em vermelho) e deixamos que a máquina resolva. Entretanto, sem esse recurso automático, certamente ficaríamos ali, parados, olhando para a palavra, tentando decifrar nossa falha (e não me refiro a desvio de ortografia) – todas as letras estão ali, com apenas uma delas fora de ordem (só não conseguimos, momentaneamente, identificar nossa falaha, ops, falha!).
Nesse momento, evidenciamos, em nós, adultos, uma espécie de “desordem com pertinência”, ou seja, as letras estão todas ali, mas em desarranjo, e nossa aceleração mental, os ruídos, a poluição visual, as pressões do dia a dia vêm contribuir para que tal manifestação aconteça, mesmo com os alfabetizados.
Vale a pena pensar sobre isso para que as desordens fiquem, apenas, nos poucos trocadilhos de letras e não passem a impactar ainda mais nossa vida tão moderna (mesmo que a duras penas!).
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.