No início de nossa história como seres humanos, um evento que revolucionou o nosso status na cadeia evolutiva foi a chamada agricultura. Nesse momento, o homem deixou de ser um ser vagante em busca de caça ou de vegetais em um sistema de extrativismo nômade e passou a produzir o seu próprio alimento ou pelo menos uma parte importante dele. Dessa época remota até o mundo antigo, o desenvolvimento de algumas tecnologias, como a irrigação fundamental no vale do rio Nilo, os sistemas de armazenagem de grãos, a fertilização da terra por resíduos orgânicos e as próprias técnicas de plantio mudaram mais uma vez o cenário da evolução, proporcionado o estágio de produção de alimentos de origem vegetal em escala, ou seja, em grandes volumes.
Tal condição perdurou até a Idade Média, período em que o sistema de produção feudal associado ao rompimento das relações do ocidente com o oriente geraram um decréscimo qualitativo nos processos produtivos impulsionados principalmente pelas barreiras comerciais impostas no Mediterrâneo. Para agravar tal situação, o crescimento populacional global fez com que uma menor quantidade de alimentos fosse consumida por uma maior quantidade de pessoas. O resultado imediato dessa equação, claro, foi a fome. Vale ainda salientar que esses sistemas de produção enfrentavam um inimigo natural dessa região do mundo, as condições climáticas (o norte do continente africano com características áridas e a Europa, clima frio). Esse formato de produção permaneceu até o final da Idade Média, quando, a partir das grandes navegações iniciadas a partir do século XV, alguns alimentos começaram a ser trazidos para a Europa de outras regiões do planeta, como a Índia, regiões mais ao sul da África e, principalmente, do Novo Mundo.
Com a colonização europeia da América e da África Meridional, os sistemas de produção, mais uma vez, passaram por uma revolução tanto no formato da produção (agricultura tropical) quanto em escala, já que essas novas terras possuíam grandes áreas férteis “disponíveis” com um clima propício a uma quantidade maior de safras em um mesmo ano. As características de produção em latifúndios com monoculturas, a exploração de novos tipos de produtos de origem silvestre em um novo sistema de extrativismo (exploração mais intensa e predatória de recursos naturais, como a madeira), entre outros, garantiram mais uma vez o equilíbrio dos termos fome e crescimento populacional nessa equação.
A partir da década de 1960, surge o chamado Agribusiness, e a revolução passou a ter um caráter muito mais científico buscando na ciência tecnologias de adensamento da produção, isto é, maior produção em menor área. Isso só foi possível graças ao desenvolvimento de fertilizantes e agrotóxicos mais robustos e mais eficientes.
Chegamos ao século XXI com os desafios da chamada Agricultura do Futuro. Nela, a biotecnologia desempenha um papel fundamental, pois permite o uso de plantas geneticamente modificadas ou clonadas, mais resistentes a pragas e com maior rendimento produtivo. A agricultura de precisão utiliza máquinas de altíssima tecnologia (inteligência artificial, georreferenciamento, Big Data, drones, entre outros), embarcadas para extrair o máximo da produção nas lavouras.
E o futuro de 2050, no qual são estimados 10 bilhões de seres humanos demandando alimentos e vários produtos advindos do agronegócio? Teremos outra(s) revolução(ões)? Vamos precisar!