Vivemos em uma sociedade altamente dependente das tecnologias de informação e comunicação (TIC). O estado da arte mostra que muitas dessas tecnologias estão influenciando nossas vidas nos mais diversos aspectos e em diferentes graus, seja no âmbito pessoal ou profissional. Por exemplo, é sabido que Google, Facebook e outras empresas mapeiam nossos comportamentos a fim de sugerir produtos, serviços e conteúdos de acordo com nosso perfil, colocando-nos em um “filtro de conteúdo” capaz de nos aprisionar em uma bolha que limita nosso pensamento. Assim, é necessário estar em constante vigilância para não ser preso em um universo de mediocridade.
O “filtro de conteúdo” é possível graças a um ou mais algoritmos. Um algoritmo é uma sequência finita de operações lógicas e matemáticas que são aplicadas sobre um conjunto finito de dados visando à resolução de classes semelhantes de problemas. Os programas de computadores são formados a partir da aplicação de um conjunto de um ou mais algoritmos. Apesar de onipresente, o “filtro de conteúdo” pode ser evitado se mudarmos o nosso comportamento padrão na rede, ou seja, se buscarmos informações que contradizem nossas crenças e convicções e, principalmente, se seguirmos pessoas com ideias contrárias às nossas.
Mesmo conscientes do filtro de conteúdo, há diversos casos em que é impossível não ser influenciado, ou pior, ser vítima de um ou mais algoritmos que tomam decisões baseadas puramente em dados estatísticos, ignorando-se aspectos humanos. Por exemplo, a cada dia, mais e mais currículos são descartados sem passar pela análise de profissionais de recursos humanos. Diversas empresas estão adotando sistemas automatizados em seus processos de recrutamento, principalmente quando o fluxo de currículos é muito grande. Nos EUA, estima-se que cerca de 70% dos candidatos sejam eliminados de maneira automatizada, antes de passar por uma entrevista. Isso é possível usando sistemas que implementam algoritmos de Inteligência Artificial que analisam não apenas o currículo do candidato, mas diversas outras informações, como o seu perfil nas redes sociais.
Algoritmos complexos também são implementados em aplicativos de relacionamento. Um dos mais populares desse tipo é o Tinder, que analisa diversos dados do usuário, tais como localidade, profissão, idade, orientação sexual, interesses, quantidade de vezes que o perfil foi curtido e/ou rejeitado, entre outros. Após isso, é sugerida uma ou mais pessoas com potencial para ser um affair. Entretanto, um dos problemas apontados por diversos usuários do aplicativo é que, por muitas vezes, a sugestão não é bem aquilo que eles desejam. Bom, o amor não pode ser equacionado, certo? Então erros certamente podem acontecer, se é que podem ser considerados erros.
A aprovação de empréstimos também está sujeita a um ou mais algoritmos. Em um passado não muito distante, a análise de crédito era realizada levando-se em conta o salário do solicitante, seu emprego, sua idade e, principalmente, seu histórico de crédito. Atualmente, há algoritmos que vão além, pois analisam desde os dados pessoais até o seu comportamento nas redes sociais e histórico de buscas e/ou compras, para, então, determinar se concederá ou não o crédito. Fantástico e assustador!
Os algoritmos podem determinar se você será aprovado em um plano de saúde, podem prever quando um crime irá acontecer, baseados em dados estatísticos e geográficos, podem influenciar o seu dinheiro por meio de aplicações automatizadas na bolsa de valores, enfim, as possibilidades são infinitas! Entretanto, há diversas questões éticas que precisam ser debatidas, principalmente relacionadas à confidencialidade dos dados e, obviamente, à possível tendenciosidade dos algoritmos, visto que é possível programar comportamentos segregacionistas. São os seres humanos que criam os algoritmos, os computadores apenas os executam.
Prof. Esp. Jorge Luís Gregório
Docente Fatec Jales “Prof. José Camargo”
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