Com o dia 7 de outubro se aproximando, é perceptível o aumento do número de debates entre os defensores deste ou daquele partido ou candidato em todos os espaços, sejam físicos ou virtuais. Nos últimos anos, graças aos múltiplos fenômenos proporcionados pela web e suas maravilhas da comunicação sem limites, o confuso e turbulento período eleitoral ganhou novos e complexos aspectos. Se antes, com a mídia impressa, rádio e TV, éramos passivos consumidores de qualquer tipo de informação, hoje, com a web, temos o poder de verificar informações e, principalmente, manifestar nossas opiniões. Isso quer dizer que nos tornamos mais críticos? Mais seletivos? Não necessariamente.
O universo de informações, notícias e opiniões que a web nos proporciona por meio dos seus mais diversos canais, não possui apenas pontos positivos. Essa grande quantidade de dados e informações pode ser um fator complicador, principalmente em uma sociedade imediatista e com preguiça de ler e pensar. Assim, logo após recebermos uma informação, é muito fácil nós a repassarmos sem nos preocuparmos se ela é de fato verdadeira, desde que ela reforce nossas crenças e opiniões. Dessa forma, estamos contribuindo para a disseminação de mentiras, de “verdades fabricadas”. Culpa da tecnologia ou de anos de uma cultura de ignorância em que a educação nunca foi levada a sério?
No atual contexto eleitoral, extremamente polarizado, muitos são os eleitores que não investigam uma informação caso ela contrarie a imagem ilibada que ele tem do seu candidato ou reforce a imagem de vilão do seu rival. Vivemos tempos de “pós-verdade”, ou seja, quando fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais. Portanto, pós-verdade significa que as opiniões são mais importantes do que os fatos. Contra fatos não há argumentos! Ou seria contra argumentos não há fatos? Pense.
Em 2016, a expressão pós-verdade foi definida como a palavra do ano pela Oxford Dictionaries, uma das referências mais importantes para a catalogação de novas palavras e expressões. Já em 2017, a expressão do ano, segundo o dicionário britânico Collins, foi fake news. O termo, usado para definir falsas notícias, foi amplamente usado e popularizado pelo presidente dos EUA Donald Trump, quando ainda estava em campanha.
No Brasil, o fenômeno das fake news parece ganhar força à medida que o dia das eleições se aproxima. Clay A. Johnson, autor do excelente livro “A dieta da informação: uma defesa do consumo consciente” destaca que, devido à mudança na forma como obtemos informações, até mesmo pessoas inteligentes podem ser enganadas. Já vi muitos inteligentes compartilhando falsas notícias, inclusive eu. Sim, caro leitor, eu já compartilhei fake news! Obviamente, depois de ser alertado por um “amigo virtual” e, principalmente, investigar a informação, apaguei a postagem e publiquei uma nota de esclarecimento.
Há um dito popular que diz que gato escaldado tem medo de água fria. Assim, quando me deparo com uma informação que possui um certo grau de surpresa, absurdo, incoerência e outros elementos suspeitos, faço as devidas verificações. Para isso, uso ferramentas de busca, sites de checagem de fatos (fact-checking) e portais de notícias diversos. É fácil, basta querer. Ademais, quando se conhece o contexto, fica fácil identificar os absurdos de uma informação. Desconfie sempre!
De fato, os termos pós-verdade e fake news são emblemáticos no contexto eleitoral do nosso país. Portanto, é necessário senso crítico e responsabilidade com aquilo que compartilhamos nas mídias sociais. Todos nós temos valores, crenças, opiniões e convicções. Mas, aderir ao efeito manada, compartilhando tudo sem verificar as fontes, é ser irresponsável, tendencioso e, por que não, desonesto intelectualmente. Suas postagens dizem muito sobre você. Cuidado!
Prof. Esp. Jorge Luís Gregório - www.jlgregorio.com.br
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.