A foodtech iFood, que atua no setor de delivery de comida e tem os pedidos feitos via internet e aplicativo móvel, recebeu da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) uma autorização para conduzir testes de entrega de comida utilizando drones, que conseguem transportar até 2 Kg de alimentos com uma velocidade de 32 Km/h . O anúncio, feito no dia 12 de agosto pela empresa, apresenta um ensaio devidamente acompanhado pela ANAC relativo a ações conduzidas em São José dos Campos pela Speedbird Aero, empresa brasileira de drones.
Inicialmente, os testes serão realizados efetivamente em duas rotas na cidade de Campinas, provavelmente a partir de outubro. A primeira rota possui cerca de 400 metros e ligará a praça de alimentação do Shopping Iguatemi Campinas até o iFood Hub, uma estrutura localizada dentro do próprio centro comercial que é usada para definir as rotas de entrega. O percurso aéreo levará cerca de dois minutos, contra 12 minutos se fosse realizado a pé por um funcionário. A segunda rota liga o iFood Hub a um complexo de condomínios distante cerca de 2,5 km do shopping. Esse trajeto por terra, usando entregadores, duraria cerca de 10 minutos, e por drones, 4 minutos. Em ambas as rotas, após o drone chegar ao seu destino, a comida irá até o consumidor final por meio de um entregador, que normalmente utiliza moto ou bicicleta para fazer o trajeto final.
De acordo com Roberto Gandolfo, vice-presidente de logística do iFood, “Esse foi um importante passo para construir um projeto seguro, eficiente e economicamente sustentável junto aos nossos parceiros e órgãos responsáveis. Essa é uma etapa muito significativa para a evolução do uso comercial de drones”. De fato, o uso comercial de drones ainda está em fase embrionária, sendo a logística um dos principais campos a serem explorados por essa tecnologia. No mundo todo, diversas empresas seguem conduzindo testes com o objetivo de coletar dados e definir um modelo de processo de entrega, não apenas de comida, mas de diversos outros produtos usando drones.
Nos Estados Unidos, a Uber Eats, divisão da Uber que trabalha com delivery de comida, e a gigante Amazon estão investindo alguns milhões de dólares em estudos e testes com o objetivo de promover entregas mais rápidas, seguras e eficientes ao consumidor final. De acordo com Jeff Wylke, CEO da Amazon, “Quando tivermos uma frota de drones completa, você poderá encomendar qualquer coisa e adquiri-la em 30 minutos, se morar perto de um centro que é atendido por drones”.
O conceito de entrega por drones é algo revolucionário, que parece ter saído dos filmes de ficção, ainda mais se considerarmos as medidas de distanciamento social devido à pandemia de Covid-19, que mantêm bares, lanchonetes e restaurantes funcionando parcialmente, apenas para entregas. Ademais, ao que tudo indica, esse conceito irá expandir para outros tipos de entrega, segundo afirmou o CEO da Amazon.
Apesar de estar em fase de testes, podemos facilmente imaginar um futuro em que drones entregam comidas, remédios, documentos e compras, seja por ar ou por terra. Essas maravilhas tecnológicas deverão ser controladas por complexos sistemas de software e redes de comunicação de dados, tudo regado a muita inteligência artificial, possibilitando evolução natural da eficiência do processo.
Penso que os testes do iFood são apenas o gatilho de uma série de mudanças que deverão ocorrer nos próximos anos. Os impactos no mundo do trabalho são inimagináveis, visto que a “dronificação” em massa deverá resultar na extinção de algumas centenas de milhares de postos de trabalho nos setores de transporte e logística. Claro, os entraves burocráticos do nosso sistema legislativo e suas regulações sem fim, aliados à aversão por inovação que muitas entidades representativas alimentam, deverão causar uma série de barreiras que certamente dificultarão a evolução e até mesmo a discussão sobre o assunto.
Prof. Me. Jorge Luís Gregório - www.jlgregorio.com.br
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.