Diariamente nos deparamos com postagens no Facebook e, com frequência, entre elas, inúmeras “meias mensagens” são postadas, algo dito por um usuário da rede como se fosse um código (que nem sempre conseguimos decifrar), aguçando nossa curiosidade, já que queremos saber o que realmente está acontecendo. O compositor americano, Roy T. Bennett, em uma de suas obras, afirma que “o maior problema com a comunicação é que nós não ouvimos para entender. Ouvimos para responder. Quando ouvimos com curiosidade, não ouvimos com a intenção de responder, ouvimos o que está por trás das palavras”.
O Facebook é uma rede social que permite conversar com amigos e compartilhar mensagens, vídeos, link, fotos; é amado por mais de 120 milhões de usuários ativos no Brasil (Uol). Embora todos sejam considerados “amigos”, nem todos se conhecem realmente e isto é muito mágico: cumprimentamos, parabenizamos, solidarizamos, negociamos, desabafamos... e justamente aí é que parece faltar palavras, mais detalhes...
Postagens como “Se eu soubesse...”, “Estou triste!” e “Será que tudo valeu a pena?”, ora, são frases soltas, sem contexto, carecem de maiores esclarecimentos; os amigos não saberão como “ajudar” (na verdade, muitos de nós ficamos curiosos para saber o que está por trás), e surgem as especulações, deduções, constatações, que, por vezes, transformam-se em verdades apenas dos supostos amigos, não de quem postou!
Sábias palavras de Carlos Drummond de Andrade: “palavras, palavras, se me desafias, aceito o combate”, pois, instaurado o cenário do “desafio”, além da rede de conversa presencial (mesmo em pandemia), outra rede social entra em ação – o WhatsApp. Por meio dele, de modo mais sutil, fazemos conjecturas sobre as postagens mal esclarecidas, já contatando o amigo do amigo que supostamente conhece de perto quem postou e fazemos a primeira checagem.
Vejamos, há uma relação dialógica entre quem posta a mensagem e quem lê: o primeiro que publiciza, porém não quer ou não pode trazer todos os fatos, mas deseja tornar público; o segundo, o leitor, tão automático em clicar em um emoji, fica receoso (porque há um respeito entre amigos), já que não se sabe do que ao certo se trata. As histórias vividas, o repertório da dor e do amor se entrecruzam mesmo nas redes sociais, entretanto nem sempre podem ser ditos e, consequentemente, não desvendados.
Bem disse Mário Quintana que “é uma barbaridade o que a gente tem de lutar com as palavras, para obrigar as palavras a dizerem o que a gente quer.” Comunicar-se, para o ser humano, é sobrevivência. Partindo desse princípio, cada pessoa, na ânsia em tentar externar ao outro seus desejos e angústias, para manter-se vivo, mesmo diante das intempéries, usa das várias linguagens: pintura, música, artesanato, poesia e Facebook. Assim como o corpo fala, o Facebook também! E cá e lá ficamos nós, ora autores, ora leitores.
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.