“Quem conta um conto aumenta um ponto”, já dizia o dito popular. Nossa reflexão, aqui, não será na perspectiva do boato, mas dos feitos heroicos ou do sofrimento de vítimas a que os “contadores” se embrenham nos causos que relatam, com tanta propriedade, que até as testificam. São histórias relatadas como discursos de autoridade sobre uma época remota, em que parecia só os contadores e seus heróis existirem.
Os causos brasileiros têm origem portuguesa, indígena e africana. Estão bem associados à imagem do idosos, pela experiência vivida, e a questões culturais. Textos fantásticos, constituídos ora de humor, ora de espanto, são apreciados por mineiros, gaúchos e baianos (NOVA ESCOLA). Autores consagrados da nossa literatura, como Graciliano Ramos, Pedro Bandeira e outros tantos, em suas obras, sempre traziam fragmentos de causos, com uma linguagem pitoresca e marcas da fala (sem ela, o causo não o seria). Quem não se lembra do famoso Pedro Malasartes?
Bem, já ouvimos falar de lobisomem, assombração, lua que resplandece dentro de casa, seres de outro mundo, entre tantos outros, mas, até aí, tudo certo! O que nos chama a atenção são os “direitos autorais” de quem os conta: foi um tio, o pai, o avô, bisavô e toda árvore genealógica, que viram tais episódios, viveram as “reais histórias”; se alguém contesta, até mesmo pelo olhar, os contadores, abruptamente, já se preparam para a comprovação consanguínea: e lá vem toda a família de novo (quem viu, onde viu, quem comprovou, como foi), enfim, fica quase que ilegítimo não reconhecer os heróis e vilões como elementos do núcleo familiar.
Fica algo tão contundente que, ao ouvirmos, somos arrebatados para a trama - rimos, divertimos, sofremos, arrepiamos, dormimos com medo, mas também já passamos a ser testemunhas, assim encerrada a narrativa em todo o seu arranjo, carregado de hipérboles, ou melhor, de exageros bem “exagerados”. A leitura não é tão viva e contagiante como o ouvir; a contação de causos exige habilidades no jogo de voz do contador, e justamente essa caraterística é que deixa o momento encantador: o sussurro na hora do suspense, a gargalhada para enaltecer as trapaças, a voz trêmula antecipando o medo...
Os causos estão no campo, na cidade, nas escolas, nas rodas de família, de trabalho e nas faculdades. A magia circula em todas as áreas do conhecimento e percorre, portanto, muitas profissões, e lá, mesmo nos bancos acadêmicos, estão os autores, desde o bisturi ao magistrado, do camponês ao desenvolver de sistemas, sem abrir mão dos Direitos Autorais. Estão nos livros, nas revistas, nos jornais e até nos podcasts.
Rolando Boldrin é um contador de causos por excelência, assim como tantos outros por este Brasil afora, mas cá entre nós, cada família tem o seu e viva nossos heróis!
Prof.ª Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.