O teletrabalho, junção de duas palavras que basicamente significa o desempenho das funções laborais fora dos ambientes empresariais, geralmente nos domicílios, certamente foi determinante para a redução da transmissão do vírus da Covid-19 durante a pandemia, permitindo a manutenção de um nível satisfatório de isolamento social, ao mesmo tempo em que proporcionou a continuidade da realização de diversas atividades de empresas.
Mas o teletrabalho provavelmente vai além disso. Ele deve representar uma revolução no sistema de trabalho do século XXI, afinal, mesmo com a redução dos níveis de contágio, internações e óbitos gerados pela pandemia, o home office deve se manter em vários segmentos empresariais, de forma menos intensa, por meio de um sistema híbrido, ou seja, alguns dias no espaço físico da empresa e outros em casa.
Alguns estudos já apontam para esse cenário, com diferentes tendências, visões e perspectivas. Em um recente estudo coordenado pelos pesquisadores Nicholas Bloom da Universidade de Stanford e Josh Lerner da Universidade Harvard Business School, ambas nos Estados Unidos da América, e realizado em mais de 8.000 empresas e corporações norte-americanas, alguns pontos interessantes sobre o teletrabalho foram evidenciados.
Primeiramente observou-se uma disparidade quanto ao tempo de permanência e calendário do teletrabalho na visão dos empregadores e empregados. Os funcionários declararam querer desenvolvê-lo em 2,3 dias por semana, preferencialmente de segunda e sexta-feira. Já para o segundo grupo, ele poderia ser realizado em 1,3 dias, no meio da semana.
Outra característica relevante é que, para o público pesquisado, de aproximadamente 30.000 pessoas, entre os anos de 2002 e 2020, a preferência pelo teletrabalho é representada pelas pessoas com família composta por cônjuge e filhos, enquanto para os mais jovens e solteiros, a preferência é pelo trabalho presencial.
Sem juízo de valor, esses resultados são compreensíveis, talvez até esperados, uma vez que, para os trabalhadores em geral, o comodismo do trabalho em casa, a economia de recursos financeiros empregados em transporte, alimentação, entre outros, e a possibilidade de maior convivência com os demais membros da família são vantagens indiscutíveis.
Já para os empregadores, a preocupação com a produtividade foca na qualidade dos trabalhos desenvolvidos e na própria perpetuação da cultura empresarial, que eventualmente podem obscurecer o sucesso empresarial.
Independentemente das razões apresentadas, o que o futuro reserva é a permanência do direcionamento de 20% de teletrabalho pelas empresas, predominantemente no sistema híbrido. Trabalho a distância ou presencial? O que importa mesmo é ter trabalho, e isso é outra história.
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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