Certamente o termo “Era da Informação” deve ter sido utilizado mais de uma vez na coluna Fatecnologia ao longo dos quase 10 anos de sua existência no Jornal de Jales, jornada iniciada em 2015 e que tem buscado trazer informações relevantes que envolvem a tecnologia.
Mas, por mais irônico que pareça, muitos aspectos nos levam a crer que estamos subvertendo o conceito para o lado oposto, isto é, caminhamos para uma era cada vez mais marcada pela desinformação.
Em uma reportagem recente à CNBC (Consumer News and Business Channel), canal por assinatura da NBC Universal, dedicado a notícias de negócios, Bill Gates, personalidade mundialmente conhecida por ter fundado uma das maiores empresas de software do mundo, a Microsoft, e pelos importantes projetos sociais e filantrópicos por meio da fundação Melinda Gates, declarou estar muitíssimo preocupado com o problema da desinformação. A seu ver, ele não tem solução à vista e, provavelmente, deve representar um dos maiores desafios da humanidade para os próximos anos.
Gates menciona que, em sua avaliação, o problema não tem, nem terá solução, pois flutua na linha “tênue” da liberdade de expressão versus criação de conteúdos falsos, dos quais alguns são nocivos à sociedade, como a influência das fake news nas últimas eleições norte-americanas (e de outras democracias pelo mundo, claro!).
Ora, saindo do plano político para uma esfera mais humanística, a disseminação de conteúdos falsos gera, no mínimo, insegurança quanto à produção e consumo de bens e serviços em praticamente todos os setores da vida humana.
Imagine que você entrasse em uma biblioteca para buscar informações e o bibliotecário lhe dissesse: “Temos milhares de livros à disposição, mas não sabemos ao certo quais têm informações corretas” ou, em outras palavras, “Quer consultar, fique à vontade, mas não posso garantir a veracidade das informações!”. Complicado, não é?
Essa divulgação de notícias falsas pode trazer potenciais riscos ao cotidiano popular. Podemos receber informações sobre uma potencial catástrofe climática, problemas no trânsito ou, ainda, sobre algum tipo de doença, sem que nada disso seja verídico.
Campanhas de difamação, golpes financeiros, jogos de azar (e muito azar) on-line, imagens, vídeos e outros artefatos falsos podem gerar confusão, discórdia e até violência moral, em um cenário cada vez mais distópico, desenhando o caos na sua mais pura essência.
Será que é esse mesmo o preço que deveremos pagar pela nossa “liberdade de expressão”? A relação custo/benefício dessa equação será (ou está sendo) positiva? Por fim, será mesmo que esse problema não tem solução?
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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