Com certeza, em algum momento, você já se deparou com oradores que se apresentavam de forma tão envolvente, cativante, engajante, que mais pareciam ser verdadeiros hipnólogos, não é mesmo? Em outras ocasiões, manteve diálogos acolhedores nos quais teve a impressão de que seus interlocutores conheciam, profundamente, seus pensamentos e necessidades. E ainda, já deve ter adquirido algo que, a princípio, não planejava comprar, mas foi convencido por argumentos orais, certo? Situações assim não acontecem ao acaso. Elas são, na verdade, resultados de um bom planejamento linguístico.
Para que a comunicação oral seja eficaz e, portanto, atinja seus objetivos, a aplicação de regras gramaticais e o uso de um conjunto de palavras rebuscadas não bastam. Em que pese a importância incontestável desses dois itens, há de se considerar se o registro linguístico é apropriado. Em outras palavras, se estamos falando a coisa certa e da forma adequada, considerando o perfil de nossos ouvintes. É como se necessitássemos equalizar a nossa fala, conduzindo-a de maneira a alcançar seu principal propósito: a transmissão e recepção de uma mensagem — da forma mais transparente e simples possível.
Ao afirmarmos isso, pode-se ter a errônea impressão de que toda e qualquer interação oral necessita de um complexo planejamento, do tipo que consome um longo tempo de nossas vidas, do que já não dispomos mais. Todavia, na maioria das ocasiões, um pouco de atenção e cuidado já é suficiente para atingirmos nossas metas, sejam elas quais forem. Por conseguinte, não podemos descartar a análise de quem são nossos interlocutores, e, por meio disso, como devemos nos dirigir a eles. Isso implica nos questionarmos: qual é a maturidade linguística de nossos ouvintes? Quais vocábulos devem conhecer ou ignorar? Qual ritmo devemos imprimir em nossa fala segundo suas características?
Se essa consciência comunicativa faz toda a diferença durante as comunicações pessoais, no que tange às profissionais, é imperativo manter o automonitoramento para que não incorramos no erro de escolhas linguísticas inapropriadas, já que isso poderia nos custar caro, tanto de forma metafórica quanto literal! Aqui, não nos referimos somente à incapacidade de comunicar claramente nossas ideias, mas, certamente, na escolha do registro inadequado da língua. Ou seja, não devemos fazer uso da linguagem coloquial em situações mais formais, o que inversamente também é verdadeiro.
Na contemporaneidade, estamos expostos à Internet Language — o que propicia uma incrível fluidez em nossas interações. Porém, esse estilo se autoexplica. Ou seja, é apropriado à internet; contudo, não se adequa a inúmeras situações profissionais. Do mesmo modo, não nos parece uma boa escolha usar termos extremamente técnicos ao nos dirigirmos aos integrantes da equipe que não estão familiarizados com a terminologia. Toda essa articulação torna-se imperceptível na prática. Ainda assim, como dito nas linhas anteriores, exige vigilância e, em situações mais delicadas nas quais temos tempo para nos prepararmos, é preciso fazer o dever de casa, o que significa, simplesmente, refletirmos e nos prepararmos.
Evidentemente, o tópico não se encerra nestes parágrafos, já que, além dos pontos que mencionamos, há outros fatores com os quais se pavimenta o caminho para uma comunicação efetiva. Mas para você que conduziu sua leitura até aqui, temos uma proposta: que tal procurar analisar melhor as situações, tópicos e pessoas em suas próximas comunicações orais? Esperamos, evidentemente, que essa observação lhe traga bons resultados.
Prof. Esp. Edilson Borghi
(Docente Fatec Jales) - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.